Hoje, 30/10, é a abertura
da mostra TODXS DIVERSXS em BH. Serão exibidos filmes sobre identidade de
gênero e sexualidade, todos seguidos de debates. A mostra traz no próprio nome
um questionamento sobre gênero. Afinal, como se fala? Não existe pronúncia
correta, não existe gênero definido. O filme exibido na abertura será
‘Tomboy’, a história de uma menina que se apresenta a novos amigos como menino.
A ideia de gênero nos é ensinada
desde pequenos, a partir do “azul é de menino e rosa de menina”. Aprendemos os
conceitos de feminilidade e masculinidade, como delicadeza e brutalidade, carros
e bonecas, marido e mulher. Todos os conceitos do binarismo de gênero que
domina nossa sociedade. Tais conceitos são reais apenas porque acreditamos
neles, porque nós os validamos e repassamos.
Somos ensinados e ensinamos, às vezes sem perceber.
Mas quais seriam as alternativas?
Como sempre, não existe receita de bolo. Mas alguns casos me chamam a atenção,
como criar um criança neutra com relação ao gênero. A família da foto é um
exemplo, não revelam o sexo biológico do bebê, que será criado com gênero
neutro. No colo do pai, de tranças, está o irmão mais velho do bebê. Permitir
que a criança se identifique com qualquer identidade, experimente e só então
decida, ou não, se definir, parece interessante. Existem aqueles que são
contra, e os que são a favor, dessa neutralidade de gênero. Alguns argumentos
são até familiares “Isso vai confundir a criança!”, eu acho que mais confuso é
crescer sem ser capaz de atender às expectativas de gênero que lhe foram
impostas, mas enfim.
Existem também os casos como o do
‘Pai de Saia’. Ensinar a criança que “ser
homem” ou “ser mulher” não define todos os seus comportamentos, gostos, roupas
e etc. Que isso são apenas nomes dados por nós, separações criadas por nossas
mentes. Ensinar a desafiar as definições de gênero.
Educar uma criança, um novo ser
humano, é mais complexo do que simplesmente certo e errado, não existe receita,
não existe a melhor maneira de educar. Cada família, de acordo com sua
realidade e crenças, tenta encontrar a melhor forma. Não sei se criar uma
criança sem gênero é a melhor opção, mas usar o binarismo de gênero não tem
funcionado muito bem.
Gênero, assim como muitas outras
coisas, é uma invenção nossa. De fato, o gênero não existe. Criamos categorias
para facilitar a identificação, mas é mais do que obvio que nossas categorias
são falhas e que muitos se recusam a aceitar uma ‘reforma do modelo binário’.
Não possuímos gênero quando somos bebês, aprendemos com o tempo. Se formos
olhar a realidade, não existe gênero na infância, não existe gênero na
adolescência, não existe gênero na vida adulta, não existe gênero na velhice. Quem
coloca um G gigante em todas essas etapas? Nós mesmos.
